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Vale a pena ver (e rever): Ilha das Flores

Olá, professores, alunos e leitores!

Hoje trago uma dica de um curta-metragem excelente para trabalharmos questões de sustentabilidade, consumo, distribuição de renda e muitos outros assuntos: Ilha das Flores. Quer saber mais sobre o filme e o que podemos aprender com ele? Leia mais no texto abaixo!

O curta metragem Ilha das Flores foi lançado em 1989 pelo diretor Jorge Furtado e é umas das produções brasileiras mais reconhecidas internacionalmente pela mensagem que passa para quem assiste. Com apenas 13 minutos ele marcou a categoria de documentários brasileiros. Você pode assistir ao filme nesse link: https://www.youtube.com/watch?v=e7sD6mdXUyg

Apesar de ser um filme antigo, com poucos efeitos especiais, a história continua se encaixando até os dias de hoje. No roteiro acompanhamos a viagem que um tomate (isso mesmo, um tomate) faz desde sua produção no campo, seu transporte até o mercado, sua chegada na mesa de uma família e sua ida ao lixo. Com uma linguagem “ácida” e as vezes polêmica, vamos entendendo como surgem as desigualdades sociais no país, como ocorre o desperdício de alimentos e como o sistema econômico influencia todo esse contexto.

O filme ainda traz fortes imagens de lixões e catadores de lixo, que tiram do desperdício e do despejo de outros a sua sobrevivência; porém, estão em uma situação tão miserável que são tratados como animais.

Com essas poucas informações podemos ver que muito do que é tratado no documentário ainda existe no Brasil e no mundo; infelizmente pouca coisa mudou, pois continuamos desperdiçando, nosso sistema econômico gera miséria e nossos hábitos de consumo são pouco sustentáveis.

Cartaz do filme “Ilha das flores”

E, então, o que o professor poderá tratar com o vídeo? Vários aspectos como, por exemplo:

– como é a produção de alimentos no país? A agricultura familiar é importante?

– como o sistema econômico gera desigualdades sociais?

– nossos hábitos de consumo são sustentáveis?

– por que existe tanto desperdício de alimento no país?

– de que forma o lixo de nossas casas é tratado? Existe uma maneira de melhor destiná-lo?

– quais os perigos que os catadores de lixo enfrentam diariamente?

– somos consumistas?

– de que maneira podemos mudar nossos hábitos e diminuir a produção de lixo e o desperdício de alimentos?

É claro que o professor pode incluir aí outras questões, pedindo, por exemplo, para os alunos fazerem uma comparação da situação atual com o que foi visto no filme, elencando o que é diferente nas duas situações. A profundidade dos assuntos tratados também muda de acordo com a série em que o professor está dando aula; mas posso dizer que esse filme se encaixa em várias disciplinas e séries.

Eu me lembro de ter assistido esse filme pela primeira vez na 8ª série (9º ano) e ele me marcou pela forte mensagem que nos passa. Se você ainda não assistiu, recomendo fortemente!

Até a próxima!

Professora Nathália

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Referências – para saber mais

[1] Ilha das Flores. Wikipedia. Acessado de https://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_das_Flores_(curta-metragem) em maio de 2017.

 

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Pegada Ecológica: qual é a sua?

Queridos professores, alunos e leitores,

Trago no post de hoje uma proposta de aula prática sobre um assunto que vem sendo discutido há muito tempo: a pegada ecológica. Desde que o homem começou suas atividades, principalmente as industriais, ele se utiliza dos recursos naturais sem pensar muito no futuro, ou seja, de forma insustentável. Muitos dos recursos da natureza são indispensáveis a nossa vida, porém temos que garantir que as próximas gerações tenham acesso a esses recursos também. Dessa forma, hoje os cientistas e pesquisadores pensam em maneiras de diminuir o impacto humano no ambiente e garantir um futuro sustentável e adequado para nossos filhos e netos.

É nesse contexto que entra a Pegada Ecológica. De maneira sucinta, a Pegada Ecológica é uma medida de como um indivíduo, cidade ou empresa utiliza e gerencia os recursos naturais, como água, emissão de gases estufa, consumo de energia, poluição atmosférica, produção e destinação de lixo, etc, ou seja, é uma maneira de medir a utilização dos recursos naturais do planeta pelo homem. É realmente como a “pegada”, marca dos hábitos no meio ambiente. Ao fim do post eu coloco dois sites com mais informações sobre pegada ecológica, com conteúdos que o professor pode utilizar nas suas aulas.

A proposta que coloco é que o professor ensine aos alunos como calcular sua pegada ecológica de acordo com seus hábitos de consumo e depois faça uma reflexão de acordo com o resultado, no sentido de mudar ou não os hábitos para que o planeta não sofra consequências desastrosas. É uma aula em que o professor só precisa de computador com acesso à internet e pode trabalhar esse assunto em praticamente qualquer série e disciplina, como biologia, geografia, química, história.

Existem muitos sites que calculam a Pegada Ecológica; eu deixo como sugestão esse aqui, que tem opção de ser feito com as perguntas em português e gera o resultado de uma maneira bem interessante. É um teste muito simples de ser feito, rápido (de 5 a 10 minutos), basta ir seguindo as perguntas e navegar pelos temas. Veja a imagem abaixo que mostra partes do teste:

pegada1 pegada2 pegada3

O resultado do teste vem na forma de “X” planetas que você precisa para manter seus hábitos de vida. No caso, no exemplo que eu dei, são necessários 1,53 planetas para sustentar os hábitos da pessoa que fez o teste. É claro que quanto menos, melhor, pois menos recursos são retirados do planeta.

Depois dos alunos calcularem a pegada ecológica o professor pode sugerir que eles confeccionem um cartaz – em grupo ou individual – com as mudanças de hábitos que eles julgam importante para diminuir a pegada; exemplo: utilizar caronas, transporte coletivo, reciclar o lixo, diminuir o consumo de alimentos industrializados, consumir menos água e energia…

Apesar de ser um assunto muito atual, poucos alunos sabem o que é a Pegada Ecológica e isso torna essa aula mais importante e proveitosa ainda. Espero que gostem!

Dúvidas e sugestões, deixe aqui na página.

Até a próxima,

Professora Nathália

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Para saber mais:

[1] Cartilha INPE sobre a Pegada Ecológica:

Clique para acessar o Cartilha%20-%20Pegada%20Ecologica%20-%20web.pdf

[2] Site do WWF sobre a Pegada Ecológica: http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/sua_pegada/

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“O Bicho” – abordando o desperdício de alimentos através da poesia

Queridos professores, alunos e leitores,

Sempre gostei muito de literatura brasileira e um dos textos que sempre me impressionou é “O Bicho” de Manuel Bandeira. Leia-o abaixo:

O Bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel Bandeira, 27 de dezembro de 1947

homem-lixo

O que mais me impressiona nesse texto é que ele foi escrito em 1947, mas ainda hoje é muito atual, pois retrata uma situação que podemos encontrar em qualquer rua de uma cidade: um ser humano em uma situação de extrema miséria e pobreza, sentindo fome e buscando no lixo alguma comida para se alimentar, sem se importar com o que exatamente está comendo. Nesse texto vemos a figura do ser humano reduzida a uma figura de qualquer animal de rua, como um gato, um rato, um cachorro, revirando lixo, em uma situação deplorável e agindo de maneira irracional.

O desperdício de alimentos é um dos temas que podemos trabalhar com esse texto, que pode ser passado em uma aula de biologia, de geografia, de história; enfim, trata-se de um tema interdisciplinar e que se encaixa em muitas aulas.

Primeiramente, o professor pode passar esse poema aos alunos e verificar se esses conseguem identificar essa problemática através da interpretação do texto. Segundo, é interessante que o professor destaque alguns aspectos importantes sobre o assunto. Sabemos, por exemplo, que grande parte dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçada e que serviria para alimentar muitas pessoas que passam fome e sofrem de problemas como a desnutrição e outras doenças. O grande problema atual é a distribuição dos alimentos, e não a produção, que atenderia todas as pessoas se fosse corretamente distribuída.

Esse site da Organização das Nações Unidas – ONU, tem muitas informações interessantes de serem trabalhadas em sala de aula sobre alimentação e consumo sustentável de alimentos.

O professor pode trabalhar em sala de aula a origem do desperdício de alimentos, ou seja, o desperdício que ocorre desde a produção até o consumo final, por nós. Além disso, vale ressaltar aos alunos que desperdiçar alimento é desperdiçar também todo o esforço, recursos e energia gastos com a produção desse alimento, como água e insumos agrícolas. Além disso, podem ser estudadas também as doenças que ocorrem como consequência da falta de nutrientes (avitaminoses), como anemia e o escorbuto.

E quais questionamentos podem ser feitos aos alunos após a leitura do poema e estudo sobre o assunto? O professor poderá fazer as perguntas abaixo à turma após a aula (lembrando que poderão ser mudadas de acordo com a série e com o conteúdo que foi tratado pelo professor em sala de aula):

– Por que esse cenário de desperdício de alimentos ainda existe? Você já presenciou essa situação alguma vez? Qual foi sua reação?

– Por que os alimentos, mesmo ainda próprios ao consumo humano, acabam indo parar no lixo?

– Você considera que sua família sabe aproveitar bem os alimentos? Quais atitudes vocês tomam?

– Quais problemas de saúde são relacionados à alimentação inadequada?

– Suponha que você e seu grupo estejam participando de uma campanha para redução do desperdício de alimentos, que deverá ser mostrada à comunidade. Monte um cartaz que mostre às pessoas quais são atitudes sustentáveis que diminuem o desperdício de comida. Ex.: reaproveitamento de todas as partes dos alimentos, comprar somente o necessário no supermercado, armazenar adequandamente os alimentos, etc..

Esse é um assunto muito importante e que deve ser tratado em sala de aula, pois infelizmente continua tão atual quanto como foi descrito lá na década de 40 pelo Manuel Bandeira.

Dúvidas e comentários, sinta-se a vontade!

Professora Nathália

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Fonte da imagem em anexo: https://i.ytimg.com/vi/xmzJ3iklmU4/hqdefault.jpg