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Dica de filme: Dark Waters – O preço da verdade

Olá, queridos professores, alunos e leitores!

Hoje trago a dica de um filme, baseado em uma história real: Dark Waters – O preço da verdade. Lançado em 2019, é um filme que mostra como um advogado enfrentou a DuPont, uma das maiores corporações do mundo, acusando-a de cometer crimes ambientais, por poluir o solo e a água de uma cidade nos EUA.

Assista ao trailer legendado do filme nesse link. Como eu disse, o roteiro do filme é uma história real e foi feito com base em um artigo intitulado “The Lawyer Who Became DuPont’s Worst Nightmare” (em português, “O advogado que se tornou o pior pesadelo da DuPont”) escrito em 2016 por Nathaniel Rich e publicado no The New York Times Magazine. Nesse texto, Nathaniel conta toda a história na qual o filme se baseia. Além desse artigo, existem outros textos e sites que eu usei para criar um texto (abaixo) que serve como base para você, professor, passar aos seus alunos (os links de referência estarão ao fim do post).

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O advogado que se tornou o pior pesadelo da DuPont

Rob Bilott era um advogado da área ambiental e defensor de grandes empresas por oito anos, até que chegou a ele um caso que expôs anos de poluição ambiental feitos por uma famosa corporação, a DuPont. O processo que ele moveu contra a empresa a obrigou a pagar milhões de dólares, porém, isso não trouxe de volta as pessoas que morreram em função das doenças e o equilíbrio ambiental que foi rompido. Vamos conhecer o caso de um advogado que processou por crimes ambientais e contra a saúde humana uma das maiores empresas do mundo.

Entendendo a história…

Você provavelmente já ouviu falar do teflon. Patenteado pela Dupont em 1945, o teflon é um material sintético e usado em inúmeros objetos, mas é mais conhecido por estar presente nas famosas panelas e utensílios antiaderentes. Porém, para se fabricar o Teflon é preciso utilizar uma substância altamente poluente e muito perigosa à saúde humana, o PFOA, nome químico do ácido perfluorooctanoico. No corpo humano, o PFOA aumenta os níveis de colesterol ruim, pode provocar úlceras, hipertensão em mulheres grávidas, doenças na tireoide, câncer nos testículos e nos rins. Além disso, causa malformação fetal.

Apesar da Dupont já saber dos perigos do PFOA desde a década de 60, inclusive realizando testes em camundongos, cachorros e, para espanto de todos, nos filhos recém-nascidos de empregadas de suas próprias fábricas, ela nunca divulgou tais perigos, escondendo essas pesquisas e seus resultados.

Porém, em 1999, um fazendeiro de Parkersburg (cidade localizada em West Virginia) chamado Wilbur Tennant, foi ao escritório de Rob e lhe entregou fitas VHS com filmagens de animais que estavam doentes em sua propriedade rural. Nas filmagens, peixes aparecem agonizando num pequeno rio que corta sua propriedade; vacas e bois aparecem salivando de dor, a água dos pequenos lagos de sua fazenda aparece esverdeada. Segundo Tennant, isso começou a acontecer depois que a DuPont instalou uma fábrica perto de sua fazenda e começou a jogar esgoto industrial nos córregos da região. Para Tennant, não havia dúvidas: a DuPont estava contaminando a água e o solo da região há anos e todos os casos de saúde humana (como câncer e o escurecimento dos dentes das crianças da cidade) e saúde animal estavam relacionadas a isso.

No entanto, a DuPont negava tudo, dizia que o problema era que as pessoas se alimentavam mal, tinham uma “genética ruim” e os animais não eram bem cuidados. A DuPont, inclusive, comprou parte da propriedade de Tennant e pagou exames médicos para as pessoas que desenvolveram doenças como câncer. Porém, os exames feitos pelos médicos contratados pela empresa nunca acusaram que a culpa era da poluição ambiental.

Suspeitando da história contada por Tennant, o advogado Rob Bilott assistiu ao vídeo que lhe foi entregue e, depois de um pouco de dúvida, resolveu investigar a fundo a história, que após um tempo de investigação se provou para ele ser verdadeira.

Rob moveu um processo contra a DuPont, que negou toda a responsabilidade pela poluição, alegando que todos os resíduos gerados pela sua fábrica eram inofensivos (não tóxicos). Mas, uma junta médica, formada por especialistas de vários países diferentes, mostrou após anos de estudo que todas as doenças e outros problemas desenvolvidos pelos moradores de Parkersburg foram consequência da exposição prolongada ao PFOA presente nos resíduos jogados na água e no solo da região.

Em 2005, a DuPont foi condenada a pagar uma indenização de 343 milhões de dólares a cerca de 80 mil moradores da região. Em 2013, a junta médica apresentou seus resultados oficiais e a justiça norte-americana obrigou a DuPont também a pagar todas as despesas médicas futuras de moradores que desenvolverem doenças que estejam relacionadas à poluição do solo e da água pela substância PFOA.

Apesar de diminuir as consequências, o dinheiro não é capaz de retirar todos os resíduos de PFOA do ambiente. Estudos indicam que essa substância é acumulada ao longo da cadeia alimentar, não se degrada naturalmente e, mais preocupante ainda, está presente acima do índice permitido em mais de 94 estações de tratamento de água dos EUA.

O mais marcante de toda essa história, que virou tema do filme O Preço da Verdade – Dark Waters, é que não fosse pela coragem do fazendeiro Tennant e pela dedicação do advogado Bill ao investigá-la, ela não teria sido descoberta, já que a DuPont sempre soube dos problemas causados pelo PFOA, mas nunca os tornou públicos.

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A classificação indicativa do filme no Brasil é 12 anos. É um filme que vale muito a pena ser asssitido e passado aos alunos, pois mostra como grandes corporações podem, por serem poderosas, tentar sair impunes de crimes, como os cometidos pela DuPont. Se não fosse o advogado, esse seria o fim desse caso.

Com esse filme é possível tratar dos seguintes conteúdos em sala de aula: poluição do solo, poluição dos corpos d´água, bioacumulação (magnificação trófica), efeitos de substâncias químicas no corpo humano, efeitos das substâncias químicas no desenvolvimento embrionário humano e crimes ambientais. Além disso, uma atividade de interpretação de texto cabe muito bem à história. Coloco abaixo algumas questões que podem ser trabalhadas:

  1. Qual a substância prejudicial presente na água/solo contaminados pela DuPont? Qual a importância dessa substância? Para o que ela é usada?
  2. Como a DuPont descobriu sobre os problemas causados por essa substância?
  3. Quais problemas essa substância pode causar?
  4. Qual foi a decisão da justiça a respeito da poluição causada pela DuPont?

Após o filme, você poderá també pedir para que os alunos façam um resumo do que mais gostaram e do que aprenderam com o filme.

Textos e sites usados:

https://nossofuturoroubado.com.br/os-segredos-corporativos-e-os-perigos-do-teflon/

https://theintercept.com/2015/08/17/teflon-toxin-case-against-dupont/ https://theintercept.com/collections/bad-chemistry/

https://www.nytimes.com/2016/01/10/magazine/the-lawyer-who-became-duponts-worst-nightmare.html

https://highline.huffingtonpost.com/articles/en/welcome-to-beautiful-parkersburg/

Para saber mais:

[1] https://en.wikipedia.org/wiki/Dark_Waters_(2019_film)

Espero que passem esse filme para seus alunos!

Professora Nathália

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Evolução Para Todes: animações que explicam a evolução humana de forma didática e com representatividade

Olá, queridos professores, alunos e leitores!

Hoje trago a dica de um projeto de divulgação científica muito bacana para ser mostrado em aula: o projeto Evolução para Todes.

Criado por mulheres cientistas – Mariana Inglez, Lisiane Müller e Eliane Chim – e com o apoio de uma equipe formada por pessoas com diversas vivências, o projeto Evolução para Todes – Compartilhando a Ciência do LAAAE-USP, aborda de maneira didática, clara e motivadora assuntos como arqueologia, evolução humana e antropologia.

As animações trazem conteúdos super importantes mas que são, as vezes, difíceis de serem abordados em aula, como a evolução da nossa espécie, a migração dos primeiros seres humanos, as árvores evolutivas, etc.

Os vídeos, que estão disponíveis no YouTube no canal do projeto, são visualmente bonitos, fáceis de entender, trazem conceitos complexos porém abordados de maneira leve e, mais importante, como o site do projeto afirma: as animações tem como objetivo também “construir novos diálogos – em especial com pessoas negras e mulheres, para se pensar inclusão racial e de gênero no contexto da divulgação científica.” Nos vídeos podemos notar a representatividade seja pela protagonista negra ou seja por elementos da cultura afrodescendente que são mostrados.

Por serem curtos (em torno de 2 minutos) os vídeos são excelentes recursos para serem usados em aula, tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio, como uma forma de agregar conteúdos para os assuntos relacionados à evolução e ciência. A história mostrada pelas animações acompanha a vida da curiosa menininha do primeiro vídeo, que se tornou cientista e hoje mostra como a ciência é importante. Dessa forma, o vídeo também ajuda a motivar jovens a seguirem carreira como cientistas.

Parte do vídeo 1: EVOLUÇÃO PARA TODES – EP. 01: DE ONDE VIEMOS? (Animação). Link aqui.
Parte do vídeo 2: EVOLUÇÃO PARA TODES – EP.02: NOSSA ORIGEM (Animação). Link aqui.

Mas, os vídeos não precisam – e nem devem – ficar restritos ao ambiente de ensino. Que tal mandar para o grupo da família no WhatsApp? Os assuntos evolução, ciência, antropologia são muito importantes e um material de qualidade como esse precisa atingir mais e mais pessoas. Por isso, nesse link, você consegue fazer o download dos vídeos de cada episódio para poder compartilhar com quem quiser.

Espero que vocês assistam aos vídeos, compartilhem e mostrem aos seus alunos esse trabalho de qualidade!

Até a próxima,

Professora Nathália

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Para saber mais/referências:

Site: https://sites.usp.br/laaae/extensao/evolucao-para-todes/

Página no Instagram: https://www.instagram.com/laaae_usp/?hl=pt

Canal no YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCgFUEtUb4dhgSDeyXwnFCYQ

Evolução para todes

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Folhetos educativos em português: DNA e doenças genéticas

Olá, professores, alunos e leitores!

Poucos sabem ou se atentam ao fato de que muito do trabalho de um professor é, na verdade, preparando suas aulas, materiais didáticos, corrigindo exercícios, lançando notas e presenças. Pois é, a aula é só a “pontinha” do iceberg de tudo que um professor faz. E minerar bons recursos e conteúdos no mundo dos livros e internet não é fácil, pelo contrário, é muito trabalhoso. Por isso, quando eu encontro algum material, site, jogo que seja interessante e bem feito, eu logo venho compartilhar com vocês!

O que vou mostrar no post de hoje é um site do Instituto de Biociências (USP) em parceria com a FAPESP e o Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-tronco. Você pode acessar o site aqui (figura 1): https://genoma.ib.usp.br/educacao-e-difusao/materiais-didaticos/folhetos

Nesse site temos folhetos sobre os seguintes temas relacionados à genética (DNA, material genético) e doenças genéticas:

  • Aconselhamento genético
  • O nosso material genético
  • Como funciona o material genético
  • Como as doenças genéticas são transmitidas
  • Perda auditiva
  • Autismo
  • Distrofias musculares
  • Doenças genéticas esqueléticas
  • Síndrome do X frágil
  • Síndrome de Prade-Willi
  • Síndrome de Algelman

Para acessar os folhetos basta clicar sobre o ícone (imagem do folheto) e uma nova janela irá abrir. Você poderá salvar no seu computador o folheto para usar em aula ou passar a versão digital aos seus alunos (figura 2).

Figura 1: site com os folhetos digitais separados por assuntos.
Figura 2: folheto sobre material genético.

Os folhetos são recursos muito interessantes: coloridos, informativos e, visto que são resumidos, podem ser trabalhados no tempo de uma aula. Além disso, são em português e, por incrível que possa parecer, é difícil encontrar bons materiais como esse que não estejam em inglês.

Eu já usei vários desses folhetos em aula e os alunos gostaram bastante. Conduzo a aula sempre no sentido de fazer a leitura do material e anotar/grifar as partes mais importantes.

Espero que vocês gostem da dica de hoje.

Até a próxima!

Professora Nathália

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Fonte da imagem em destaque: https://pngtree.com/freepng/dna-icon-design_4767629.html

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Extração de DNA de tomate – a prática

Olá, queridos professores, alunos e leitores!

Na semana retrasada fiz uma aula prática bem interessante com meus alunos do 9° ano do EFII: extração de DNA de tomate. É uma aula simples, porém muito bacana, já que os alunos podem observar como realmente é o material genético fora da célula.

Para fazer essa prática com seus alunos, você precisa de:

  • tomates bem maduros (geralmente utilizo 1/2 tomate por extração);
  • faca para cortar o tomate;
  • saquinho plástico (de legumes ou ziploc);
  • 1 colher de sopa de detergente (para 1 extração);
  • 1 colher de chá de sal de cozinha (para 1 extração);
  • 70 mL de água morna (para 1 extração);
  • álcool 92% gelado, deixado no freezer até o momento de usá-lo (aproximadamente 50 mL para 1 extração);
  • 2 copos ou béquer;
  • 1 filtro de café ou peneira;
  • 1 tubo de ensaio;
  • palitos de madeira ou colher de sopa.

Agora, acompanhe abaixo o roteiro para extração de DNA:

1) Corte o tomate em partes, coloque no saco plástico e amasse o material com as mãos até obter uma pasta praticamente homogênea.

2) Em um copo coloque 70 mL de água morna, 1 colher de sopa de detergente e 1 colher de chá de sal de cozinha. Mexa bem, mas não deixe formar espuma.

3) Adicione essa mistura ao saco plástico com o tomate e continue amassando o material com as mãos até ficar uma mistura mais homogênea. Aguarde 30 minutos.

4) Coloque uma peneira ou o filtro de papel em um copo e peneire a mistura do tomate com o líquido.

5) Adicione aproximadamente 2 dedos da mistura filtrada (somente o líquido) em um copo limpo ou em um tubo de ensaio e delicadamente coloque o dobro do volume da mistura (4 dedos) de álcool gelado. Misture delicadamente e aguarde 3 – 5 minutos.

6) Você verá uma massa branca, aglomerada, se formar na mistura. Essa massa é formada pelas moléculas de DNA do tomate aglomeradas.

Veja algumas fotos abaixo (tiradas por mim e publicadas na página do colégio Primo Tapia):

Coloco abaixo também um roteiro com questões para avaliar os alunos:

  1. Onde se localiza o DNA na célula do tomate?
  2. Por que é necessário amassar o tomate?
  3. Qual é a função do detergente e do sal?
  4. Qual é o papel do álcool?
  5. Por que você não pode ver a dupla hélice do DNA extraído?
  6. Por que vemos o DNA esbranquiçado?
  7. Quais foram os passos realizados para a extração de DNA?
  8. Faça um desenho que mostre o resultado do experimento feito.

Já fiz essa aula em várias ocasiões e os alunos adoram! O DNA é uma molécula muito importante, o que leva os alunos a pensarem que seja “inacessível”, assim eles ficam surpresos quando podem, finalmente, ver com seus próprios olhos o DNA.

Espero que façam essa aula com seus alunos!

Até a próxima,

Professora Nathália

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Cinema em sala – A Criação – Roteiro de perguntas e o filme sobre Darwin

Olá, queridos professores, alunos e leitores!

A dica que trago hoje é de um filme muito interessante que conta um pouco sobre a história de Charles Darwin e da construção da escrita de seu livro mais impactante: (“A origem das espécies”): “A Criação”.

O filme “A Criação” é do ano 2010 e você pode assistir ao trailer aqui neste link. O filme é baseado na história do grande naturalista inglês Charles Darwin que, dotado de um espírito científico e curioso, elaborou a teoria da evolução das espécies. Darwin passou anos navegando pelos diversos lugares do mundo (inclusive Brasil) coletando dados e fazendo observações de animais e plantas diversos. Com base nessas observações ele resolveu escrever o livro que mudou o que se sabia sobre as espécies biológicas: A Origem das Espécies (em inglês, On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life).

Nesta obra-prima, Darwin conta como as populações de espécies evoluem por meio da seleção natural e como na natureza a sobrevivência é dos mais adaptados e não dos mais fortes, bonitos ou “perfeitos”.

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O filme conta um pouco sobre a viagem e o espírito aventureiro de Darwin e também de sua relação com sua filha Annie e sua esposa, muito religiosa. O filme pode ser passado como uma introdução ao conteúdo de evolução ou como uma conclusão, já que ele aborda diversos assuntos que com certeza você, professor, discute em aula.

No fim, você poderá pedir aos seus alunos que respondam a um questionário. Abaixo, eu coloco algumas questões sugeridas:

  1. O que dizer sobre o “espírito” de Darwin? Como ele era?
  2. Como era sua esposa? O que ela achava de seu livro e de suas teorias?
  3. Por que Annie parecia ser a filha preferida de Darwin?
  4. Por que Darwin fazia cruzamentos entre os pombos? O que ele queria estudar?
  5. Por que Darwin se correspondia com outros cientistas da época?
  6. Algum outro cientista chegou à mesma conclusão que Darwin? Explique.
  7. Por que no filme o pastou diz para Darwin “Você matou Deus”?
  8. Quais as principais ideias da teoria proposta por Darwin?

Essas são apenas algumas perguntas que você pode pedir aos alunos como forma de conclusão da atividade. Se você tem alguma sugestão, deixe nos comentários!

Até a próxima!

Professora Nathália

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Fonte da imagem: BBC filmes

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Filme – A Condenação – Como o sequenciamento de DNA pode salvar inocentes

Olá, queridos professores, alunos e leitores!

Nem sempre é fácil mostrar aos alunos como conteúdos que vemos em sala de aula, como genética, podem ser facilmente aplicados no nosso cotidiano. Pensando nisso, hoje mostro como a genética e todas as técnicas e exames relacionados podem ser usados para solucionar crimes e inocentar/incriminar pessoas.

Para isso, a dica que trago é a do filme “A condenação”, lançado em 2011, (disponível completo no Youtube), que mostra, baseado numa incrível história real, um pouco sobre um projeto que usa sequenciamento de DNA para inocentar prisioneiros condenados injustamente.

Vamos conferir um pouco sobre a história?

O filme conta como Betty Anne Waters se torna advogada para poder defender e provar que seu irmão, Kenny Waters, é inocente no caso de assassinato de Katharina Brow, cruelmente morta em seu trailer no ano de 1980. Betty sempre soube da inocência do seu irmão, porém, devido às provas confusas, testemunhas compradas e policiais corruptos, Kenny foi condenado.

Ao estudar para se tornar advogada, Betty descobriu o Projeto Inocência, que usa o sequenciamento de DNA de amostras de sangue, urina e outros fluídos para inocentar pessoas condenadas injustamente. Betty fica sabendo de casos de prisioneiros inocentados e entra em contato com pessoas do Projeto Inocência para tentar ajudar seu irmão. O grande problema é que mais de 15 anos tinham se passado e, muito provavelmente, as provas – incluindo sangue da vítima e do criminoso – haviam sido destruídas.

A partir daí, Betty parte em buscas de provas para realizar o sequenciamento do DNA do criminoso, encontrado na cena do crime, e comparar com o DNA de seu irmão. Comparando-se as amostras é possível verificar se ambas pertencem ou não a mesma pessoa, já que apenas gêmeos idênticos possuem o mesmo DNA.

O Projeto Inocência foi criado em 1992 e se utiliza de exames genéticos de DNA para inocentar pessoas. Estima-se, segundo o site do projeto, que até 5% dos presos nos EUA sejam inocentes e foram condenados de maneira errônea devido à falta de provas.

Como era esperado por Betty, em 2001, Kenny foi inocentado graças ao sequenciamento de DNA. O verdadeiro assassino de Katharina nunca foi encontrado. Após 18 anos preso, Kenny foi finalmente solto.

Betty Anne e seu irmão Kenny

Imagem relacionada

Fonte: http://blogs.diariodonordeste.com.br/blogdecinema/geral/a-condenacao-betty-anne-waters-a-guerreira/

Pôster oficial do filme

Imagem relacionada

 

De acordo com o próprio filme, Betty Anne ainda trabalha com o Projeto Inocência, ajudando outras famílias que tem casos semelhantes aos dela. O projeto Inocência ajudou a inocentar 254 pessoas, inclusive pessoas que estavam condenadas à morte.

Não vou comentar mais detalhes sobre o filme, pois ele vale ser assistido! Mas e o que você, professor, pode pedir aos alunos como atividade? Eu coloco abaixo algumas das questões que você pode trabalhar, que inclusive eu passo aos meus alunos:

  1. Como Kenny Waters foi condenado pela primeira vez? Quais provas foram usadas?
  2. De acordo com as bases genéticas e biológicas da individualidade, essas provas são suficientes para se condenar/inocentar uma pessoa?
  3. O que é o Projeto Inocência?
  4. Quais tipos de materiais/amostras podem ser usados para se fazer sequenciamento de DNA?
  5. Quais provas Betty Anne usou para coletar amostras do DNA do criminoso?
  6. Você acredita que muitas pessoas poderiam ser inocentadas ou incriminadas por esses testes?

É claro, que você, professor, poderá mudar um pouco essas questões e inclusive adaptá-las de acordo com sua turma. Eu costumo trabalhar esse filme após o conteúdo de genética/tipos sanguíneos/PCR no ensino médio.

Espero que você também trabalhe esse filme com sua sala!

Até a próxima,

Professora Nathália

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Para saber mais:

https://en.wikipedia.org/wiki/Innocence_Project

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Gattaca – Discutindo a genética e a ética

Olá, queridos professores, alunos e leitores!

Hoje a minha dica é uma aula com um filme! Você já assistiu ao filme Gattaca? Não? Então, aproveita nossa dica de hoje, assista ao filme e veja como podemos aproveitá-lo para as aulas de genética e biologia celular!

O filme Gattaca (1997) é uma produção norte-americana que conta a história de um homem que sonha ser astronauta. Vincent foi concebido naturalmente, mas vive numa época onde apenas pessoas concebidas por fertilização in vitro, e que portanto tiveram suas características selecionadas, são consideradas válidas e podem ter trabalhos mais nobres, como ser astronauta. Os não-válidos, como Vincent, devem se contentar com trabalhos que pagam menos e considerados menos nobres.

Nesta época retratada pelo filme, as pessoas são identificadas pelo seu DNA, seja por uma amostra de sangue e urina, ou por uma amostra de tecido da pele. Dessa forma, não há como mentir, como o próprio filme cita “seu verdadeiro currículo está nas suas células”.

Vincent, no entanto, contrata um empresário que promete transformá-lo em um válido, para que ele possa trabalhar na empresa Gattaca, que realiza as viagens espaciais. Para isso, Vincent passa a usar o nome de outro homem, um ex-nadador olímpico que tem o DNA “perfeito”, porém depois de um acidente se tornou paraplégico. O restante da história deixo para vocês descobrirem assistindo a esse filme.

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Gattaca é uma excelente produção que, apesar de ser um pouco lenta no começo, mostra diversos assuntos que geralmente tratamos em aula: a informação genética no DNA, doenças genéticas, fertilização in vitro, interação genótipo X ambiente, ética na medicina, etc.

O filme tem aproximadamente 2 horas, mas se você não pode passar todo ele em sala, os 40 primeiros minutos são suficientes para contextualizar toda a história. No Youtube você encontra o filme completo dublado.

Abaixo eu coloco algumas das perguntas que você pode trabalhar e discutir com seus alunos:

  1. Por que uma pessoa pode ser considerada válida ou inválida (não-válida)?
  2. Como é feita a seleção genética nas pessoas válidas?
  3. O tipo de seleção feita em bebês vista no filme ocorre atualmente? Justifique.
  4. De que maneira é feita a identificação das pessoas na história?
  5. De acordo com o filme, por que “o verdadeiro currículo está no DNA”?
  6. A partir de quais tecidos é possível extrair DNA?
  7. Por que apenas as pessoas válidas podem ter cargos altos?
  8. Um DNA “perfeito” significa uma vida perfeita? Por quê?
  9. Você considera ético o que é mostrado no filme com relação aos empregos e preconceitos?

Essas são apenas algumas das questões que você pode debater com sua turma. As questões e as respostas esperadas dependem da série que você está dando aula e do conteúdo que já foi passado. Geralmente eu encaixo esse filme dentro das aulas de genética ou biologia celular (ensino médio).

Em todas as salas que já passei o filme, o resultado foi muito positivo. Os alunos gostaram bastante e aproveitaram o debate.

Então, se você ainda não assistiu ao filme, não perca tempo. Vale muito a pena!

Até a próxima

Professora Nathália

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Dinâmica: como ocorrem as mutações?

Queridos professores, alunos e leitores,

No post de hoje trago uma dinâmica sobre a mutação no DNA. É uma atividade muito simples, rápida e que se encaixa em várias séries, desde o ensino médio até o superior. Como professora eu já fiz essa atividade com meus alunos por várias vezes, todas muito proveitosas e educativas.

As mutações são alterações das bases na sequência de DNA de um organismo. Elas podem ser ocasionadas por erros durante a duplicação do DNA, por exemplo, quando a enzima DNA polimerase introduz ao acaso um erro na sequência ao copiar a fita de DNA.

As mutações podem sem causadas também por exposição da molécula de DNA a agentes mutagênicos, como luz ultravioleta (UV) e radiação.

dna-mutation

As alterações na molécula de DNA podem ser passadas aos descendentes, quando elas são presentes nas células germinativas, por exemplo. Já no caso de plantas, mesmo mutações em células não-reprodutivas (células somáticas) podem ser transmitidas através da reprodução assexuada.

As mutações ocorrem ao acaso e podem ser neutras, vantajosas ou desvantajosas, dependendo do ambiente no qual o organismo está presente. Caso a mutação traga alguma vantagem – que chamamos de ganho adaptativo – a seleção natural se encarregará de selecionar esse novo genótipo e a sua frequência aumentará na população . Já caso essa mutação traga alguma desvantagem, haverá uma pressão de seleção negativa e a frequência desse genótipo irá diminuir na população.

As mutações neutras são aquelas que não trazem mudança na aptidão de um organismos e podem ou não aumentar em frequência em uma população, através da deriva genética, por exemplo. A deriva genética, diferentemente da seleção natural, age selecionando os genótipos ao acaso, e não com base no que possui vantagem adaptativa.

A maior parte das alterações na sequência de DNA é corrigida pelos mecanismos de reparo da célula. Além disso, as mutações que não são corrigidas na sua maioria não causam mudanças na aptidão dos organismos.

A dinâmica que trago no post de hoje é uma maneira simples de apresentar aos alunos como a mutação surge e de que forma ela é pode ser transmitida. Para fazer essa dinâmica o professor irá precisa apenas de folhas de sulfite, lápis e um cronômetro.

Antes de iniciar a atividade, cada aluno deverá ter uma folha sulfite e um lápis. Os alunos da turma deverão se organizar em uma fila ou em um roda. O professor fará então um desenho qualquer em uma folha sulfite, adicionando alguns detalhes. No exemplo abaixo, temos o desenho de uma flor. O professor não deve deixar que os alunos vejam o desenho antes de iniciar a brincadeira.

desenho-for-mutacao

Depois, o professor deverá entregar o desenho que fez para o primeiro aluno da fila e pedir que ele copie o desenho, em um tempo de 15 segundos, sem deixar que o próximo aluno veja o desenho. Ao fim dos 15 segundos o aluno deverá passar a cópia que fez para o próximo da fila e esse fará a cópia em 15 segundos e assim sucessivamente. Ao fim, quando o último aluno terminar sua cópia o professor pode comparar o seu desenho com a última cópia e ver todas as mudanças que foram feitas.

Mas como essa dinâmica ilustra as mutações no DNA? Vamos lá:

– o primeiro desenho, feito pelo professor, equivale à sequência de DNA que irá ser copiada;

– o primeiro aluno é como a DNA polimerase, copiando a sequência de DNA, ou seja, o desenho feito pelo professor;

– o segundo aluno também é como a enzima DNA polimerase, porém, fazendo uma cópia da cópia.

Assim como ocorre no caso da duplicação do DNA pela DNA polimerase, os alunos – devido ao curto tempo – poderão introduzir ao acaso alterações no desenho do professor, que são como as mutações ao acaso, ao longo do ciclo celular. Essa mutações vão se acumulando ao longo do tempo, o que pode ser visto quando comparado o desenho original com o desenho final.

Se alguma dessas mutações traz vantagem ao organismo ela será selecionada e sua frequência aumentará na população.

Depois da dinâmica o professor poderá fazer perguntas aos alunos, como forma de avaliação:

– Como as mutações podem ser originadas?

– No caso da dinâmica realizada, o que o desenho feito pelo professor significa? E o desenho feito pelos alunos?

– Nos desenhos feitos pelos alunos, os erros eram feitos propositalmente ou ao acaso? O que eles representam?

– As mutações são sempre vantajosas?

Além de instrutiva, a grande vantagem dessa dinâmica é que é muito simples e barata de ser feita, podendo ser feita em qualquer escola e sala de aula.

Qualquer dúvida ou sugestão, deixe na página!

Até a próxima!

Professora Nathália

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Fonte da imagem em destaque: http://www.scienceagogo.com/news/img/quantum_jitter.jpg

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Faça você mesmo: extração de DNA com ingredientes da cozinha

Queridos professores, alunos e leitores,

No post de hoje trago uma experiência caseira de extração de DNA de tomates. É muito simples de ser feita com os alunos e não demanda materiais caros ou difíceis de serem encontrados. É uma ótima oportunidade dos alunos colocarem a “mão na massa”. Ela pode ser feita no ensino médio ou superior e o professor poderá adequar a avaliação que fará de acordo com o conteúdo que passou previamente para os alunos.

O ácido desoxirribonucleico – DNA é o principal material genético encontrado nas células eucarióticas e procarióticas e é responsável pelo armazenamento e transmissão das características hereditárias entre os organismos. A molécula de DNA é formada por uma fita dupla de nucleotídeos constituídos por um açúcar (no caso do DNA, desoxirribose), uma base (adenina, citosina, guanina ou timina) e um grupamento fosfato.

dna

Apesar de poder conter bilhões de pares de bases, a molécula de DNA não pode ser vista a olho nu, sendo utilizados para isso microscópios especiais e com resoluções poderosas. Por isso, muitas pessoas têm dificuldade em entender o que é o DNA, muito embora hoje vemos nos jornais, revistas e na televisão diversas notícias sobre sequenciamento de DNA, exames de paternidade, etc.

Por isso, essa experiência é uma oportunidade do professor mostrar aos alunos uma maneira de visualizar um aglomerado de moléculas de DNA a olho nu, sem a necessidade de um microscópio, por exemplo.

Antes da aula é importante que os alunos tenham alguns conceitos já sedimentados: que o DNA se localiza dentro do núcleo das células eucarióticas, que essas possuem membrana celular, nuclear e, no caso das células vegetais, parede celular, e que essas membranas e a parede celular são formadas por fosfolipídios, proteínas e celulose (somente na parede celular).

Nesse link e nesse outro link eu coloco um roteiro com os materiais necessários para a extração e as etapas ilustradas por figuras.

Durante a experiência é importante que o professor saliente aos alunos a importância dos materiais utilizados e dos procedimentos realizados:

– A maceração do tomate é importante para que a solução formada pela água quente, detergente e o sal chegue mais facilmente às células;

– O detergente é utilizado para solubilizar gorduras e lipídios que são presentes na membrana celular e nuclear (bicamada fosfolipídica). A maceração com a água quente também é importante para romper essas membranas e a parece celular. Assim, os lipídeos e proteínas das membranas e da parede celular se tornam solúveis na solução.

– O DNA que é liberado das células após a maceração está dissolvido na solução, junto também aos lipídeos, proteínas e demais restos celulares. A adição de sal e de álcool gelado faz com que haja uma mudança nas cargas elétricas da molécula de DNA e ele se torna insolúvel, ficando aglomerado e visível na amostra.

– O que vemos na amostra é uma aglomeração de muitas moléculas de DNA em conjunto também com algumas proteínas;

– Para visualizar a dupla hélice precisaríamos de um microscópio eletrônico com alta resolução.

Depois de realizar o experimento o professor poderá pedir aos alunos um relatório da aula prática ou até mesmo fazer algumas questões que permitam avaliar se eles entenderam os procedimentos realizados durante a experiência.

Essa experiência é super divertida de ser feita e meus alunos sempre gostaram muito! Além disso, por envolver materiais baratos e que podemos encontrar na cozinha de toda casa, ela pode ser feita mesmo se a escola não contar com muitos recursos financeiros. Espero que vocês, professores, realizem essa experiência!

Qualquer dúvida, deixe nos comentários!

Abraços,

Professora Nathália

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Fonte da imagem em destaque: Michigan Medical School