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Carnaval: textos em português para trabalhar a “folia biológica” nas aulas de ciências

Olá, queridos professores, alunos e leitores!

O carnaval está chegando e muitas escolas fazem uma programação especial nesta data para que os alunos e professores entrem no ritmo da folia. Por causa da pandemia, muitos dos bailes e festinhas mais típicos, com danças, brincadeiras, confete e serpentina, provavelmente não serão permitidos, então a minha sugestão para você professor é trabalhar com textos que envolvem ciências e “carnaval”.

Mas como assim? Bom, no carnaval muitas pessoas – até as mais tímidas – se vestem com roupas e adereços curiosos para chamar a atenção. Mas esta não é uma característica exclusiva do ser humano. Isso também é visto em outros exemplos na ciência, como você pode conferir nos dois textos acima. Um deles é sobre as aves do paraíso, que usam suas penas e danças rítmicas, e o outro é sobre os vagalumes, que usam bioluminescência. Ambas as espécies usam essas “fantasias”, “danças” e adereços para chamar a atenção de possíveis parceiros reprodutivos (em biologia, chamamos isso de seleção sexual).

Nos textos você encontra toda a explicação biológica para essas estratégias reprodutivas e links para vídeos muito legais mostrando as aves do paraíso. Tanto o professor de ciências, quanto o de biologia e até mesmo de física, química e português podem trabalhar os textos, abordando o que acharem mais pertinente a seus alunos e disciplina.

Link do texto “Carnaval das aves do paraíso”: https://cienciainformativa.com.br/carnaval-das-aves-do-paraiso/

Link do texto “Amor à primeira piscada”: https://cienciainformativa.com.br/amor-a-primeira-piscada/

Espero que vocês gostem da dica e aproveitem em suas aulas.

Até a próxima,

Professora Nathália

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Dica de filme: Dark Waters – O preço da verdade

Olá, queridos professores, alunos e leitores!

Hoje trago a dica de um filme, baseado em uma história real: Dark Waters – O preço da verdade. Lançado em 2019, é um filme que mostra como um advogado enfrentou a DuPont, uma das maiores corporações do mundo, acusando-a de cometer crimes ambientais, por poluir o solo e a água de uma cidade nos EUA.

Assista ao trailer legendado do filme nesse link. Como eu disse, o roteiro do filme é uma história real e foi feito com base em um artigo intitulado “The Lawyer Who Became DuPont’s Worst Nightmare” (em português, “O advogado que se tornou o pior pesadelo da DuPont”) escrito em 2016 por Nathaniel Rich e publicado no The New York Times Magazine. Nesse texto, Nathaniel conta toda a história na qual o filme se baseia. Além desse artigo, existem outros textos e sites que eu usei para criar um texto (abaixo) que serve como base para você, professor, passar aos seus alunos (os links de referência estarão ao fim do post).

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O advogado que se tornou o pior pesadelo da DuPont

Rob Bilott era um advogado da área ambiental e defensor de grandes empresas por oito anos, até que chegou a ele um caso que expôs anos de poluição ambiental feitos por uma famosa corporação, a DuPont. O processo que ele moveu contra a empresa a obrigou a pagar milhões de dólares, porém, isso não trouxe de volta as pessoas que morreram em função das doenças e o equilíbrio ambiental que foi rompido. Vamos conhecer o caso de um advogado que processou por crimes ambientais e contra a saúde humana uma das maiores empresas do mundo.

Entendendo a história…

Você provavelmente já ouviu falar do teflon. Patenteado pela Dupont em 1945, o teflon é um material sintético e usado em inúmeros objetos, mas é mais conhecido por estar presente nas famosas panelas e utensílios antiaderentes. Porém, para se fabricar o Teflon é preciso utilizar uma substância altamente poluente e muito perigosa à saúde humana, o PFOA, nome químico do ácido perfluorooctanoico. No corpo humano, o PFOA aumenta os níveis de colesterol ruim, pode provocar úlceras, hipertensão em mulheres grávidas, doenças na tireoide, câncer nos testículos e nos rins. Além disso, causa malformação fetal.

Apesar da Dupont já saber dos perigos do PFOA desde a década de 60, inclusive realizando testes em camundongos, cachorros e, para espanto de todos, nos filhos recém-nascidos de empregadas de suas próprias fábricas, ela nunca divulgou tais perigos, escondendo essas pesquisas e seus resultados.

Porém, em 1999, um fazendeiro de Parkersburg (cidade localizada em West Virginia) chamado Wilbur Tennant, foi ao escritório de Rob e lhe entregou fitas VHS com filmagens de animais que estavam doentes em sua propriedade rural. Nas filmagens, peixes aparecem agonizando num pequeno rio que corta sua propriedade; vacas e bois aparecem salivando de dor, a água dos pequenos lagos de sua fazenda aparece esverdeada. Segundo Tennant, isso começou a acontecer depois que a DuPont instalou uma fábrica perto de sua fazenda e começou a jogar esgoto industrial nos córregos da região. Para Tennant, não havia dúvidas: a DuPont estava contaminando a água e o solo da região há anos e todos os casos de saúde humana (como câncer e o escurecimento dos dentes das crianças da cidade) e saúde animal estavam relacionadas a isso.

No entanto, a DuPont negava tudo, dizia que o problema era que as pessoas se alimentavam mal, tinham uma “genética ruim” e os animais não eram bem cuidados. A DuPont, inclusive, comprou parte da propriedade de Tennant e pagou exames médicos para as pessoas que desenvolveram doenças como câncer. Porém, os exames feitos pelos médicos contratados pela empresa nunca acusaram que a culpa era da poluição ambiental.

Suspeitando da história contada por Tennant, o advogado Rob Bilott assistiu ao vídeo que lhe foi entregue e, depois de um pouco de dúvida, resolveu investigar a fundo a história, que após um tempo de investigação se provou para ele ser verdadeira.

Rob moveu um processo contra a DuPont, que negou toda a responsabilidade pela poluição, alegando que todos os resíduos gerados pela sua fábrica eram inofensivos (não tóxicos). Mas, uma junta médica, formada por especialistas de vários países diferentes, mostrou após anos de estudo que todas as doenças e outros problemas desenvolvidos pelos moradores de Parkersburg foram consequência da exposição prolongada ao PFOA presente nos resíduos jogados na água e no solo da região.

Em 2005, a DuPont foi condenada a pagar uma indenização de 343 milhões de dólares a cerca de 80 mil moradores da região. Em 2013, a junta médica apresentou seus resultados oficiais e a justiça norte-americana obrigou a DuPont também a pagar todas as despesas médicas futuras de moradores que desenvolverem doenças que estejam relacionadas à poluição do solo e da água pela substância PFOA.

Apesar de diminuir as consequências, o dinheiro não é capaz de retirar todos os resíduos de PFOA do ambiente. Estudos indicam que essa substância é acumulada ao longo da cadeia alimentar, não se degrada naturalmente e, mais preocupante ainda, está presente acima do índice permitido em mais de 94 estações de tratamento de água dos EUA.

O mais marcante de toda essa história, que virou tema do filme O Preço da Verdade – Dark Waters, é que não fosse pela coragem do fazendeiro Tennant e pela dedicação do advogado Bill ao investigá-la, ela não teria sido descoberta, já que a DuPont sempre soube dos problemas causados pelo PFOA, mas nunca os tornou públicos.

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A classificação indicativa do filme no Brasil é 12 anos. É um filme que vale muito a pena ser asssitido e passado aos alunos, pois mostra como grandes corporações podem, por serem poderosas, tentar sair impunes de crimes, como os cometidos pela DuPont. Se não fosse o advogado, esse seria o fim desse caso.

Com esse filme é possível tratar dos seguintes conteúdos em sala de aula: poluição do solo, poluição dos corpos d´água, bioacumulação (magnificação trófica), efeitos de substâncias químicas no corpo humano, efeitos das substâncias químicas no desenvolvimento embrionário humano e crimes ambientais. Além disso, uma atividade de interpretação de texto cabe muito bem à história. Coloco abaixo algumas questões que podem ser trabalhadas:

  1. Qual a substância prejudicial presente na água/solo contaminados pela DuPont? Qual a importância dessa substância? Para o que ela é usada?
  2. Como a DuPont descobriu sobre os problemas causados por essa substância?
  3. Quais problemas essa substância pode causar?
  4. Qual foi a decisão da justiça a respeito da poluição causada pela DuPont?

Após o filme, você poderá també pedir para que os alunos façam um resumo do que mais gostaram e do que aprenderam com o filme.

Textos e sites usados:

https://nossofuturoroubado.com.br/os-segredos-corporativos-e-os-perigos-do-teflon/

https://theintercept.com/2015/08/17/teflon-toxin-case-against-dupont/ https://theintercept.com/collections/bad-chemistry/

https://www.nytimes.com/2016/01/10/magazine/the-lawyer-who-became-duponts-worst-nightmare.html

https://highline.huffingtonpost.com/articles/en/welcome-to-beautiful-parkersburg/

Para saber mais:

[1] https://en.wikipedia.org/wiki/Dark_Waters_(2019_film)

Espero que passem esse filme para seus alunos!

Professora Nathália

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Dica de canal no YouTube com vídeos de ciências em português: “De onde vem?”

Olá, queridos professores, alunos e leitores!

Hoje trago uma dica de canal com vídeos bem interessantes para você, professor, usar nas aulas de ciências: o “De onde Vem?”.

Nesse canal tem inúmeros vídeos bem didáticos que mostram a personagem Kika, de 6 anos, que é super curiosa e sempre tem perguntas sobre o mundo ao seu redor. No canal temos vídeos em português que contam:

  • De onde vem o raio?
  • De onde vem o vidro?
  • De onde vem o sal?
  • De onde vem o pão? (esse eu já usei várias vezes nas minhas aulas sobre fermentação e os alunos adoram)

É importante que o professor use os vídeos como um recurso introdutório a um conteúdo, como uma forma de revisão ou como forma de passar assuntos novos aos alunos. O vídeo, por si só, não é uma aula completa, mas um recurso auxiliar.

Os vídeos desse canal, além de serem em português, são curtinhos, ótimos para mostrar em aula. Se você não quiser ou não puder mostrar o vídeo em aula, você pode pedir aos alunos para acessarem o vídeo em casa, pelo celular, tablet ou notebook. Sabemos o quanto essa geração atual tem facilidade com os recursos tecnológicos.

Acesse o canal, assista aos vídeos e use aqueles que forem úteis para sua aula.

Espero que gostem da dica do post de hoje.

Até a próxima,

Professora Nathália

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